sexta-feira, 23 de abril de 2010

Telas de muros

Vou erguer muros com paredes gigantescas.
Vou fazer delas telas de pintura.
Vou escrever seu nome de forma grotesca.
Vou usar tinta de cor escura.


Vou gravar seu nome em minha'lma.
Vou odia-lo em cada vogal.
Vou odia-lo com prazer e calma.
Vou fazer tudo parecer real.
Vou desenhar seus olhos nas paredes.
Vou desenhar lágrimas também.
Vou pinta-los também de verde.
A verdadeira cor não lhe cai bem.


Depois vou destruir tudo.
E erguer tudo novamente.
Vou pintar, pintar um mundo.
Onde gente não machuca gente.


Rilton Viana

Meu suicídio


Um sorriso brota de lábios sofridos,
espessando amor de modo amargurado.
Sem notar mais uma gota de sangue cai sobre
sua roupa,
seus espelhos refletem a morte de modo claro,
o corpo sente quando a espíritos por perto,
um arrepio segue em seu corpo,
e então o medo toma conta de ti,
sei que sentes quando sopro de leve em seus ouvidos,
sua boca esta cansada de se sentir tocada quando não ha ninguém por perto,
o sangue que escorre sobre ti, são lagrimas de meu sofrimento,
por ama-lo e não poder estar com você em seu mundo,
sinto a culpa,
de meu suicídio estúpido que apenas me afastou mais de você,
hoje vejo em seu quarto fotos minhas que você ainda guarda na gaveta,
hoje vejo que você me amava,
você não pode me ver,
mais eu posso tocalo.
 Você  nota quando suas lagrimas secam rápido?
isso só acontece quando estou com você, quando posso limpalas com minhas mãos que ardem de desejo de ter você comigo,
eu me odeio por meu suicídio,
e agora você não consegue me ver,
mais sei que um dia você também ira morrer,
só que você não vira pra cá,
pois suicídio você nunca cometera,
e sua alma com certeza Deus levara,
e mais longe de mim você estará.

Enedina

Equilibrio

Desfrutamos do calor porque já sentimos frio. Valorizamos a luz porque conhecemos a escuridão. E compreendemos a felicidade porque conhecemos a tristeza.
Os muros que construímos ao nosso redor nos protegem contra a tristeza, mas também impedem que nos chegue a felicidade.
 Existem tantas noites como dias, e cada uma dura o mesmo que o dia que vem depois. Até a vida mais feliz não pode ser medida sem alguns momentos de escuridão, e a palavra "feliz" perderia o sentido se não estivesse equilibrada pela tristeza.


Enedina

quinta-feira, 22 de abril de 2010

A dor de um desejo


No profundo escurecer
Me pego amedrontada
Contemplando meu renascer
Com a minha alma ainda gelada
Com os olhas trêmulos
Enxergando escuridão
Meus dedos cravados na terra
Ainda procurando o chão
 Minha boca em carne viva
Mordiscada pela desejo
Esperando ensangüentada
Pelo tão esperado beijo
 Havias lhe prometido
toda minha alma em vida
Em troca me deste a dor
Me deixando tão perdida.


Enedina

Amor além da morte


No meu constante silêncio
Escuto teu chamado
Misturado com o vento
Do meu peito machucado
A chuva bate na janela
Num ritmo acelerado
Ao mesmo tempo atinge
O meu rosto congelado

 Tuas mãos parecem reais
Em meus cabelos azulados
Perseguem-me caminhando
Sobre meu corpo debruçado
A lua é testemunha
Das minhas noites ao teu lado
Um espírito que partiu
E me deixou abandonado


Enedina




 

A deixa


E tu, grande mestre que me socorria.
A voz, que no silêncio me acalmava
Feriu-me com uma lamina
E meu coração sangrou por muito tempo
 Deixastes-me ferida
Agora não há ninguém aqui
Sob a lua, vago na praia
Somos o que sonhamos ser
Não tenho mais sonho
Não sou mais nada.
   
                 Enedina

Solidão

Chaga a noite, mais uma noite fria
Mesmo que todas as estrelas brilhem só vejo a escuridão
Mesmo que a lua cheia traga seu esplendor, só contemplo as sombras
Todas as luzes da minha casa não são capazes de iluminar meus olhos
Você era a única luz que resplandecia
 Agora o silêncio me tortura
Ouço você chamar meu nome, o meu coração dispara, na ilusão de deparar-me com tua face
È a penas a solidão pregando suas peças
Minha alma que por um instante se iluminava...
Cai novamente em profunda escuridão.


Enedina 

quarta-feira, 21 de abril de 2010

O teu silêncio

Corta-me o teu silêncio,
No meio do meu peito...
Como navalha amolada
Cruel e gelada.
O teu silêncio me apaga
A única chama que me resta
A única luz que me arrebata

Um silêncio que me cala...
Que me amarra e sufoca
Na forca dos incompreendidos,
No nó que me enrosca.
O teu silêncio queima-me
Com febre de não te ouvir,
E nas chamas deste teu silêncio
Resta-me falar por ti...



Enedina

Noite

As casas fecham as pálpebras das janelas e dormem.
Todos os rumores são postos em surdina,
todas as luzes se apagam.
Há um grande aparato de câmara funerária
na paisagem do mundo. 
 Os homens ficam rígidos,
tomam a posição horizontal
e ensaiam o próprio cadáver.
Cada leito é a maquete de um túmulo.
Cada sono em ensaio de morte.
No cemitério da treva
tudo morre provisoriamente.

 
 
Menotti Del Picchia

...


"Uma vez a luz ia límpida e serena sobre as águas, as nuvens eram brancas como um véu recamado de pérolas da noite, o vento cantava nas cordas. Bebi-lhe na pureza desse luar, ao fresco dessa noite, mil beijos nas faces molhadas de lágrimas, como se bebe o orvalho de um lírio cheio."

(Álvares de Azevedo)

Veneno


Carrego em minha boca
o veneno da serpente,
que me escorre pela garganta
acumulado entre os dentes.

Carrego em meu peito
uma serpente que me laça
do lado esquerdo ela me prende,
do outro ela me abraça.
Controlando-a
a cada dia que se passa,
não deixando seu veneno
ultrapassar minha couraça.

E vou mantendo esta serpente...
não deixando o seu veneno
destilar-se em minha mente.


Enedina

Agora encontro-me só


Nos porões da minha saudade,
mantenho-me em cativeiro,
juntando os meus pedaços
que um dia foi inteiro.
Em meio às constelações serei
uma estrela expressiva
que ofuscará repentinamente
lampejos em tua retina.


Enedina

Ressurgirei!


Ressurgirei das cinzas
num leve sopro do vento,
de alma lavada,
intacta...
de onde estou há muito tempo
Ressurgirei com a força
de um guerreiro...
Deixando minha fraqueza no passado
e todo meu medo.


Ressurgirei deste casulo
como as borboletas nascem depois
de muito tempo no escuro, no esplendor
de suas cores batem asas pro futuro
  Renascerei...
Ressurgirei de toda dor contida...
Em meio aos jardins, serei uma
flor ainda não colhida,
orvalhada pelo sereno da madrugada que
se finda.


Enedina 

terça-feira, 20 de abril de 2010

Frio

Eu dei-lhe a minha alma
Você me deixou morrer
 Congelando no frio vento que grita através
do silêncio, no estéril desperdício do meu coração
Dentro das paredes
Da minha mente ..... Sozinha
A serenata de inverno
Calou-me

Enedina

Ultimo pedido

Recolham estas flores negras do jardim do inferno,
Flores regadas com minhas lágrimas, de sofrimento eterno.
Flores sombrias, e cheias de espinhos.
Flores que plantei quando sofria sozinha.
 Flores frágeis mais de caule forte.
Flores amargas com perfume de morte!
Recolham estas flores tão tristes e letais,
Que ouviram minhas dores e agora não ouvirão mais.
Recolham estas flores, de aparência sombria e pura.
Recolham todas elas,
E depositem em minha sepultura!


Enedina